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O horror através das palavras de Lucas Medeiros

"Tudo tem um propósito. Basta plantar boas sementes e depois escrever o seu caminho."

Lucas Medeiros nasceu em 17 de março de 1997 na pacata Guarabira - PB (capital dos discos voadores). Aos 22 anos, quando estava se formando em Direito pela UEPB, lançou seus dois primeiros livros; em seguida, tornou-se membro de coletivos de escrita relacionados aos gêneros do horror e suspense. Com a editora Palavra & Verso, publicou o livro Amaldiçoado, obra que é vencedora do prêmio literário poeta Ismael Freire da literatura, e o e-book As Crônicas do Caos.

Dando sequência para nossa série de entrevistas com autores da Palavra & Verso, trazemos aqui um pouco da trajetória literária de Lucas, bem como suas inspirações, seus próximos projetos, etc. Confira:



Palavra & Verso - Com que idade você começou a escrever, e quem mais te apoiou no início de sua carreira como escritor?

Lucas Medeiros - Quando eu tinha uns 13 anos eu escrevi um livrinho, era uma fanfic sobre Júlio Verne em que eu intitulei de: As Aventuras de Júlio. Eu nem sabia o que era fanfic. Mas isso foi um único episódio. Mesmo assim, a minha professora chegou a ler partes, ou até todo mesmo. E assim foi a primeira vez que me chamaram de escritor. Depois disso, não escrevi mais por um tempo. Meio que eu não entendia como funcionava a carreira e naquela época eu achava que aquilo foi apenas uma aventura. Anos depois, no final de 2018, escrevo o meu primeiro livro: O Anjo Diabólico: A Odisseia de Lorde Taylor. E o publiquei pouco tempo depois em 2019.



Palavra & Verso - Quais são suas principais referências para escrever? Cite alguns dos seus autores favoritos.

Lucas Medeiros - Bram Stoker, H. P. Lovecraft, Edgar A. Poe, Stephen King e Dante. Desses, o que mais me inspira é o King, eu o estudo faz certo tempo e amo as suas técnicas de escrita, desde a forma como ele ambienta até o desenvolvimento dos seus personagens. Eu vou aproveitar e fazer uma menção honrosa para Robert Louis Stevenson e Mary Shelley.



Palavra & Verso - Como é o seu processo de criação? Você escreve todos os dias?

Lucas Medeiros - Muita gente me pergunta isso. E poucas pessoas sabem, mas eu uso meus pesadelos e traumas como inspiração. Eu não escrevo todos os dias. De todo modo, tento escrever quando sinto necessidade e as vezes eu escrevo com muita frequência e velocidade. Tenho livros que fiz em menos de um mês. Depende da minha inspiração. Hoje eu tento não me cobrar tanto como fazia no começo.



Palavra & Verso - Ainda falando sobre o seu processo de criação, quais são os desafios diários de ser escritor?

Lucas Medeiros - O grande desafio é conseguir publicar e conseguir ter boas vendas. Infelizmente, ainda há muitas pessoas que não dão valor aos livros. É triste saber que muita gente não gosta da cultura regional. Além disso, não é fácil publicar, nem sempre é possível. Felizmente, existem editais dos quais já ganhei 3 e que me ajudaram muito. Sempre tento buscar ganhar mais prêmios literários, que embora sejam desafiadores, são uma grande motivação.



Palavra & Verso - De onde veio a inspiração para o seu livro Amaldiçoado, e como surgiu a ideia do título?

Lucas Medeiros - Essa é uma boa pergunta. Certa vez eu tive um pesadelo (coisa que eu amo) e nele havia um rapaz que voava e que seus olhos eram esbugalhados. Ele estava caçando contra a sua própria vontade. E lembro que era uma maldição e que tinha mais detalhes, mas não vou dar spoiler. Enfim, eu acordei e decidi desenhar o que vi no sonho. Aí eu decidi aprimorar o personagem. Como eu sou muito fã do Exterminador do Futuro e tenho um fascínio por olhos, decidi deixar os olhos do meu personagem vermelhos. Mas era só um sonho e um desenho. Até que foi lançado um edital em minha cidade que valia um prêmio em dinheiro. Então eu decidi escrever e em cerca de 28 dias eu fiz umas 200 páginas. O livro já estava escrito em minha mente, só faltava colocar no papel. Eu também tinha um desejo de escrever um livro épico em cânticos, e fiz isso com o Amaldiçoado. O título foi até fácil de fazer e eu queria um título pequeno. Fica até fácil de memorizar: Amadeus (protagonista) é o Amaldiçoado.



Palavra & Verso - Como é escrever a ambientação e os personagens para um livro de terror? Como é a recepção do público para este tipo de obra, e o que eles geralmente esperam?

Lucas Medeiros - Já que Guarabira não tinha a geografia necessária que eu queria para a obra, eu criei Torres. Tive que fazer um mapa da cidade que criei para o livro. Um fato curioso é que eu coloquei o nome da minha falecida filha em uma das ruas no livro (Rua Aurora Maria). Coloquei outros nomes também e fui desenhando para facilitar a forma como eu enxergava os locais do livro. Eu me inspirei em minha cidade e uma outra vizinha. Já os personagens, eles devem ter suas personalidades variadas, até para não serem semelhantes ao protagonista. Eu sempre me inspiro em amigos ou conhecidos. Depois vou moldando a personalidade deles de acordo com o meu interesse para o decorrer da trama. Sobre a recepção, nossa, eu amo quando vou publicar um livro, porque eu vou à rádio e divulgo lá e as pessoas ficam com muita expectativa. Fico feliz de está ganhando reconhecimento e por ser um escritor de terror de uma cidade relativamente pequena. As pessoas já me conhecem pelas minhas obras e isso não tem preço. E é claro, eles esperam uma boa história de terror em que possam se sentir de alguma forma representados, já que são livros ambientados no Nordeste.



Palavra & Verso - Como foi a criação do personagem Amadeus? Fale um pouco sobre ele.

Lucas Medeiros - O Amadeus foi criado em plena pandemia. Então eu pensei: Imagina você ficar em coma e acordar na pandemia? Foi o que eu fiz. Eu criei um cara que ter contato com as pessoas para recuperar o tempo perdido, mas ele não pode pois tá todo mundo recluso e ainda com o uso de máscaras. Já a personalidade é de um cara perdido, imaturo e com sede de viver. Tudo isso junto da sua maldição. No final das contas, é um brasileiro passando por dificuldades reais e surreais. Eu também quis que ele sentisse o poder maligno que ele tem, sabendo que ele pode usar para o bem, mesmo sendo mal. Amadeus é como um anti-herói. Tenho orgulho dele.



Palavra & Verso - Fale um pouco sobre o livro As Crônicas do Caos; como foi configurar o universo e os personagens desta história? E quais são os desafios de escrever um livro de ficção científica?

Lucas Medeiros - Sem dúvida é um livro caótico. Ele também pode ser chamado de As Crônicas de Lig’Na’Hal. Foi o livro mais longo que eu fiz e o único com um prefácio que eu particularmente amo. Não foi nada fácil configurar essa obra. São 97 personagens, 15 classes de espécies, além de fichas com as principais características deles. Eu quis criar um livro absurdamente novo e diferente. Eu tive que fazer mapas, tive que desenhar os reinos. Tive que estudar Tolkien. O maior desafio é fazer algo novo em meio há muitas obras existentes e também é saber usar o que existe de forma nova.



Palavra & Verso - Suas obras, geralmente, incluem ilustrações autorais. Como é o processo de criação dos desenhos para os seus livros?

Lucas Medeiros - Eu coloco uma trilha sonora de terror ou aventura, e então começo a rabiscar. Eu sou desenhista há mais tempo do que sou escritor. Por um tempo eu tinha deixado de desenhar, pois eu gosto de criar desenhos e não copiar. Daí eu começo a escrever e decido desenhar meus personagens, assim eu mantenho o meu hábito na ativa.



Palavra & Verso - Você tem muitos projetos em mente? Pode falar sobre algum deles? Fale um pouco sobre sua trajetória literária.

Lucas Medeiros - Sim. Eu não consigo parar de criar projetos. Eu quero publicar mais e mais livros. Sequências e até gêneros que ainda não explorei. Talvez um terror com comédia, ou uma nova ficção. Talvez tudo junto. Agora estou me aventurando no mundo do cinema e sonho em transformar meus livros em filmes desde o começo da carreira, quem sabe isso não acontece?! Também fiz o meu primeiro curta-metragem que se chama: O Medo. E pretendo fazer outros. Minha trajetória me inspira todos os dias, pois eu transformei meus traumas em arte e assim consigo superar ou até conviver com eles. Agora já penso em meus próximos livros e me pergunto aonde isso vai parar. Não foi nada fácil, foram muitas dificuldades até conseguir fazer um mínimo de carreira. Fico feliz que os prêmios vieram e mudaram a minha vida. Eu me cobro muito e por isso sempre dou o meu melhor. Então, não se preocupem, mais livros estão por vir.



Palavra & Verso - Gostaria de deixar um recado de motivação para novos escritores continuarem a buscar por seus sonhos?

Lucas Medeiros - Sim. Quando eu comecei a minha carreira, tive que vender muitas coisas para pagar a minha primeira publicação. Em 2 anos eu ganhei o meu primeiro prêmio, no mesmo ano, ganhei o segundo e no ano seguinte ganhei o terceiro e pude ser recompensado pelos sacrifícios. Então eu percebi que valeu a pena. Mas não por poder recuperar o que perdi. Mas por ter passado por tudo isso e me tornar uma pessoa melhor. Então não desanimem. Às vezes perdemos, outras vezes vencemos. Tem dias que a gente pensa em parar de escrever pois não estamos como realmente queríamos estar. Mas tudo tem um propósito. Basta plantar boas sementes e depois escrever o seu caminho.



Palavra & Verso - E por último, um bate e volta:

Uma pessoa: Stephen King

Um livro: It, a Coisa

Uma música: Rebel Yell – Billy Idol

Um gênero: Terror

Um filme: O Sétimo Selo

Um sonho: Um filme do meu livro

Uma frase: Eu criei essa: escrever terror é transformar traumas em arte. É cativar a alma pela emoção mais forte. É sentir a beleza do medo, inspirando-se com ele.



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