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Através do olhar de Natália Vilar

"Escrever é uma forma de lutar por dias melhores."

Natália Vilar é formada em Pedagogia Bilíngue pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES, no Rio de Janeiro. Intérprete de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. Sua luta sempre foi em favor das minorias. Foi professora da APAE em Nova Iguaçu. Prestou serviço para o Estado do Rio de Janeiro, trabalhando nas escolas como Tradutora e Intérprete de Libras para os alunos do ensino Médio. Atualmente é servidora de Nova Iguaçu, com o cargo de professora de Atendimento Educacional Especializado - AEE. Trabalha na sala de recursos com alunos que tenham necessidades especiais, com a função de identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade para o pleno desenvolvimento dos alunos incluídos.

Dando sequência para nossa série de entrevistas com autores da Palavra & Verso, trazemos aqui um pouco da trajetória literária de Natália, bem como suas inspirações, seus próximos projetos, etc. Confira:



Palavra & Verso - Você sempre quis ser escritora? Quem mais te apoiou no início de sua carreira literária?

Natália Vilar - Nunca pensei ter condições de escrever um livro. Sempre amei ler, porém, a escrita aconteceu de uma forma inesperada em minha vida. Assim, que contei para minha irmã bibliotecária o projeto de escrever ela logo abraçou a ideia, depois fui contando para todos da família que me apoiaram muito.



Palavra & Verso - Como foi sua trajetória no universo literário? Fale um pouco sobre “Olhares que condenam” e outras obras de sua autoria.

Natália Vilar - Criei um romance com a temática indígena, pois estava tramitando no congresso a respeito do marco temporal. Queria que meus alunos relacionasse as questões do livro com o período que estávamos vivendo. Assim, surgiu Olhares que condenam. Atualmente acabei de escrever o segundo livro, "A tradição dos guerreiros". No segundo romance um índio formado em direito recebe do chefe de sua tribo uma esposa que lhe foi dada como escrava sexual. Agora ele terá que convencer o conselho formado pelo cacique e pelos ancestrais que pegar as mulheres das outras tribos como prêmio por bravura é inaceitável nos dias atuais.



Palavra & Verso - Quais são os seus escritores favoritos, bem como os autores que influenciam a sua escrita?

Natália Vilar - Os meus escritores favoritos estão relacionados ao sentimento de primeiro amor da infância. O primeiro livro que li e fiquei apaixonada foi "A marca de uma lágrima" do Pedro Bandeira, por isso, até hoje ele ocupa o primeiro lugar em meu coração. O segundo foi "Uma história de amor", do Carlos Heitor Cony. Hoje busco seguir autores contemporâneos, pois tem muita coisa boa sendo produzida.


Palavra & Verso - Como é a sua rotina de escrita? Você escreve todos os dias?

Natália Vilar - Busco escrever sempre, não consigo ser fiel diariamente por conto do trabalho e por ter dois filhos. Pelo fato de a escrita não ser minha única profissão não consigo escrever todos os dias, mas não passo mais de três dias sem escrever.



Palavra & Verso - De onde veio a inspiração para começar a escrever o livro “Olhares que condenam”?

Natália Vilar - Sou professora de educação especial da rede pública. Antes da pandemia estava trabalhando com um a turma de dislexia em um projeto de incentivo à leitura. Em março de 2021 as aulas pararam por conta do Covid-19 sem material para trabalhar, pois, por ser rede pública não poderia pedir meus alunos para comprarem livros resolvi criar um livro. Queria um tema ligado à atualidade, pois a leitura renderia debates.



Palavra & Verso - Em “Olhares que condenam”, o principal tema é um relacionamento amoroso que precisa vencer barreiras entre culturas distintas. Como foi escrever esse relacionamento tão desafiador entre os protagonistas, bem como escrever sobre esse choque cultural entre os personagens?

Natália Vilar - Em uma viagem pude conhecer um grupo de indígenas, conheci sua cultura e fiquei apaixonada. Quando comecei a escrever, recorria sempre aos indígenas que conheci para me ajudarem a elaborar o personagem do índio no ano 2021.



Palavra & Verso - “Olhares Que Condenam” é uma obra que contém ensinamentos para a vida real. Como você sente que foi a recepção do livro, por parte dos leitores?

Natália Vilar - As pessoas sempre retornam dizendo que estão olhando com mais cuidado as questões culturais. Para mim esse foi o maior ganho.



Palavra & Verso - Ainda falando sobre “Olhares Que Condenam”; qual a principal mensagem que almeja passar, através da sua história?

Natália Vilar - Busco passar a visão do índio no contexto atual. Aquela imagem de índio nu pelado sem relação com a sociedade atual é uma utopia. É preciso respeitar a cultura e entender que eles podem ser modernos, e que isso não anula o fato de serem índios.



Palavra & Verso - Além de escritora, você possui formação em Pedagogia e é intérprete de Libras; a sua formação e o seu trabalho exercem influência em suas obras? Fale um pouco sobre isso.

Natália Vilar - Sim, trabalho com inclusão social falar das minorias é o que eu faço. Tenho a escrita como mais uma ferramenta para divulgar a inclusão. Inclusive escrevi um romance policial que a personagem principal é uma mulher com TDAH desatenta. Escrevo para falar sobre inclusão, seja com índios, TDAH, autismo, surdos; é a minha forma de contribuir.



Palavra & Verso - Você tem muitos projetos literários em mente para o futuro? Pode falar sobre alguns deles?

Natália Vilar - Tenho dois livros terminados: "A tradição dos guerreiros" (romance indígena) e "Desatenta" (romance policial com uma TDAH). Meu objetivo é criar livros românticos, mas que ao final da leitura tragam uma reflexão no comportamento com o outro que difere de você.



Palavra & Verso - Gostaria de deixar um recado de motivação para novos escritores continuarem a buscar por seus sonhos?

Natália Vilar - O escritor contemporâneo encontra muitas facilidades, como a internet, por exemplo; porém, seus desafios são imensos e a própria internet pode ser uma vilã. Não acredito que exista caminho fácil, precisamos batalhar muito para não deixarmos nossos objetivos morrerem. Escrever é uma forma de lutar por dias melhores.



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